Na contramão das grandes, pequenas empresas voltam a abrir vagas

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São Paulo, 03/11/2016 – Há um ano e meio, o Brasil mais fecha do que abre vagas com carteira assinada. Essa trajetória, porém, dá sinais de reversão entre as micro e pequenas empresas, segundo matéria publicada na Folha de S.

Paulo. Em agosto e setembro, os negócios de menor porte (com receita bruta anual de até R$ 3,6 milhões) registraram saldo positivo de 6.645 novos postos, de acordo com análise do Sebrae de dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho. Já as médias e grandes companhias encerraram mais de 75 mil empregos.

O número é tímido diante do encolhimento total do trabalho formal (de janeiro a setembro, foram fechadas, no total, 683,6 mil vagas no país), mas pode sinalizar os primeiros sinais de otimismo do empresariado com os rumos da economia. Segundo a Folha, os pequenos negócios concentram a maior parte dos trabalhadores no Brasil. Em 2015 (dado mais recente disponível), 54% dos empregados com carteira trabalhavam em empresas desse porte.

“Alguns sinais da economia já começam a se refletir na atividade da pequena empresa, principalmente no campo de serviços e comércio, até porque o final de ano está se aproximando e o pessoal está se preparando”, diz Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae. O índice de confiança do pequeno e médio empresário para o quarto trimestre subiu 8% em relação ao trimestre anterior e 18,3% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com o Insper. O indicador é elaborado em parceria com o banco Santander.

De acordo com a matéria, economistas recomendam cautela na análise desses dados. “A alta temporada do final de ano é provavelmente o grande motor desse movimento. Obviamente isso acontece dentro de um quadro de melhora gradual da economia, mas as duas coisas precisam ser vistas juntas”, diz Bruno Ottoni, da Fundação Getulio Vargas.

Ele também afirma que a queda recente na taxa de juros (no mês passado, o Banco Central reduziu a taxa básica pela primeira vez em quatro anos, para 14% anuais) e a sinalização de novas reduções nos próximos meses podem ter reanimado o pequeno empresário.

Já Hélio Zylberstajn, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), acredita que o saldo positivo registrado ainda é muito pequeno para permitir a retirada de alguma conclusão. “A queda de empregos em setembro na economia como um todo foi menor que no ano passado. Isso é um sinal bom, mas mil novos empregos ainda é muito pouco”, afirma.

 

David Abreu -david.abreu@goassociados.com.br

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