Brasil e China criam fundo bilateral de US$ 20 bi

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São Paulo 11/10/2016 – Brasil e China vão finalmente tirar do papel um fundo de US$ 20 bilhões para financiar investimentos asiáticos no mercado brasileiro. O memorando de entendimentos que cria o fundo bilateral de expansão da capacidade produtiva será assinado hoje, em Pequim, e a intenção dos dois lados é que ele esteja funcionando até o fim deste ano, segundo matéria publicada hoje no jornal Valor Econômico.

Os recursos serão liberados conforme a demanda e só poderão ser acessados por empresas brasileiras ou chinesas. A China injetará US$ 15 bilhões e o Brasil colocará os US$ 5 bilhões restantes. Não necessariamente haverá aporte específico para esse fundo, que atuará como um agente para receber as demandas e organizar a aplicação dos recursos comprometidos. “É um mecanismo de coordenação dos recursos para viabilizar os projetos”, afirmou ao Valor o ministro do Planejamento, Dyogo de Oliveira.

O ministro explicou que esse apoio pode ser dado tanto por meio de financiamento como com a compra de papéis emitidos pelas empresas ou pelos próprios projetos. Do lado brasileiro, haverá redirecionamento de dinheiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou do FI-FGTS, por exemplo, além de outras fontes a serem mapeadas, como captações no setor privado. Do lado chinês, o veículo para o aporte de recursos vem do China Latin American Industrial Cooperation Investment Fund (Claifund). “É natural que os aportes sejam pari-passu nessa proporção [de US$ 3 da China para US$ 1 do Brasil]”, acrescentou o ministro ao Valor.

Para o ministro, a prioridade serão os projetos listados no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e os recursos do fundo constituem um passo importante nos esforços do governo de diversificar as fontes de financiamento. “Eles têm interesse em projetos de tecnologia avançada, agroindústria, manufatura e serviços digitais. O nosso interesse maior é em infraestrutura logística e energia”, disse Oliveira. “Ficou combinado que o fundo poderá apoiar todas essas áreas.”

Segundo ele, não haverá qualquer tipo de vinculação à compra de equipamentos ou insumos chineses por parte dos tomadores do crédito. “Em hipótese nenhuma”, ressaltou. Durante as negociações, o Brasil fez questão de impedir que os recursos para financiar uma usina hidrelétrica ou uma ferrovia, por exemplo, estejam condicionados à aquisição de turbinas ou trilhos chineses.

De acordo com a matéria do Valor, o fundo foi concebido originalmente em maio de 2015 pelo primeiro-ministro Li Keqiang e pela ex-presidente Dilma Rousseff. Oliveira reconheceu que empresas chinesas, individualmente ou em consórcio, são candidatas naturais a ter acesso aos recursos do fundo e podem ficar bem posicionadas nos próximos leilões de infraestrutura. As decisões sobre a liberação de recursos serão tomadas por um comitê executivo formado por integrantes brasileiros e chineses em igual proporção.

Recém-chegado dos Estados Unidos, o ministro disse ter ficado bem impressionado com o humor favorável que investidores locais demonstraram em relação ao país.

“Achei que houve boa receptividade, principalmente para o programa de infraestrutura. Voltamos a estar na lista de prioridades. A leitura do Brasil lá fora saiu do negativo e foi para o positivo”, afirmou.

 

David Abreu – david.abreu@goassociados.com.br

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