Copom: ata condiciona avanço das medidas fiscais e desaceleração da inflação de serviços para intensificar ritmo de corte dos juros

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São Paulo, 25/10/16 – O Copom avaliou que o avanço favorável da desaceleração da inflação de alimentação e o esforço para aprovação em primeiro turno da PEC de limitação de gastos abriram espaço para o início de um processo de flexibilização gradual e moderada da política monetária, segundo a ata da última reunião, que reduziu a taxa Selic em 0,25 pp para 14,0% aa, divulgada hoje pelo Banco Central.

Entretanto, ainda traz preocupação para os membros do Copom a velocidade de desinflação dos itens de serviços. Segundo o documento, os membros do Comitê “concluíram que há sinais de uma pausa recente no processo de desinflação, que vinha sendo observado nesses componentes, já considerados efeitos sazonais. Ressaltaram, ainda, que a pausa se dá em níveis cuja manutenção produziria trajetória de desinflação em velocidade aquém da contemplada no cenário básico do Copom”.

O Comitê reafirmou seu objetivo de conduzir a política monetária visando atingir a meta para a inflação no horizonte relevante, que abrange os anos-calendário de 2017 e 2018. Nesse contexto, “o Copom entende que o ritmo de flexibilização monetária será calibrado, sempre levando em conta as suas projeções de inflação e seus fatores determinantes, de modo a perseguir uma trajetória que permita cumprir a meta para a inflação para 2017 e 2018”.

Ainda segundo o documento, “a magnitude da flexibilização monetária e uma possível intensificação do seu ritmo dependerão de evolução favorável de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação no horizonte relevante para a condução da política monetária”. O Comitê destaca os seguintes fatores para prosseguir com o processo de flexibilização monetária:

(i)     Os componentes do IPCA mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica retomem claramente uma trajetória de desinflação em velocidade adequada; e

(ii)   O ritmo de aprovação e implementação dos ajustes necessários na economia contribuam para uma dinâmica inflacionária compatível com a convergência da inflação para a meta.

Dessa forma, o Copom condiciona de modo explícito o que espera para prosseguir e intensificar o ciclo de redução de juros. Apesar disso, acredita-se que até a próxima reunião do colegiado, que ocorre nos dias 29 e 30 de novembro, a PEC 241 estará muito próxima de sua tramitação final, tendo sido aprovada em primeiro turno no plenário do Senado. Tal fato deve prosseguir aumentando a confiança sobre o país, o que refletirá positivamente sobre os preços dos ativos domésticos, especialmente sobre a taxa de câmbio.

Aliado a este avanço das medidas fiscais, a inflação deverá continuar apresentando trajetória benigna, refletindo o comportamento favorável dos preços dos alimentos e a redução recente do preço da energia elétrica em algumas regiões. Por fim, a elevada ociosidade da capacidade instalada e da mão de obra deve continuar desacelerando a inflação de serviços.

Nesse cenário, o Banco Central deve optar por acelerar o processo de flexibilização monetária, para uma queda de 0,5 pp, levando a Selic para 13,50% ao ano no fim de 2016. Para 2017, esperamos um longo ciclo de queda da taxa Selic, levando a Selic para 10,0% aa até o fim do ano, refletindo a tendência de queda do dólar em virtude do aumento de confiança sobre a economia brasileira e a elevada taxa de desemprego, que permitirão ao Banco Central adotar uma política monetária levemente expansionista, sem prejuízo ao cumprimento da meta de inflação.

Luiz Castelli – luiz.castelli@goassociados.com.br

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